Pesquisar este blog

segunda-feira, 28 de março de 2016

El Arte de Callar

A arte de calar

Muitas vezes basta um olhar.
Um olhar afiado.
Seus olhos sobre os olhos do outro.

Adivinhar o significado dos brilhos.
Ler o futuro imediato mais além da pupila.
Você quer dizer muitas coisas, mas abstenha o desejo.

Franze os lábios.

Permita que ideias circulem
Sem que sejam externadas.

Amplie o espaço entre as perguntas e as respostas.
Deixe que os músculos se desenhem no rosto.
Espere um aviso.

Prenda a respiração.
Pense no que o outro também pensa.
Analise. Espere.

A economia das palavras:
Uma virtude que não é exclusiva para as freiras de clausura.
Um jogo que praticam os que sabem fazer-se de loucos.
Aqueles que entendem que nem todas as perguntas necessitam de uma resposta.

Que a solução nem sempre chega ao abrir a boca.

Por que dizer isso?

Por que não armazenar no interior uma dose do que se pensa?

Por que não transformar em segredo algumas das ideias que aparecem sem prévio aviso, ao menos com a ilusão de que o tempo as amadureça e as transforme em ideias mais duradouras?

Por que não entender, de uma vez, que a palavra nunca conseguirá ser tão rápida quanto o cérebro?
E nem tudo o que passa pela mente pode ser convertido em palavras?
Entender que também se pode falar com o gesto.

Que… o silêncio às vezes grita.

Se preserva o silêncio nos hospitais, nas salas de velórios,
Nos atos solenes ...
Se preserva o silêncio por pudor, por respeito, por dor...

Se preserva o silêncio pela dor que é incapaz de se tornar lágrimas.
Silêncio quando as lágrimas se esgotam, e esgotam ao que chora...

Você tem que aprender a calar.
Sem outro motivo se não a própria vontade.
Calar para ouvir.
Calar para ver.
Calar para aprender.
Calar para calar.

Calar para tornar o silêncio um cúmplice.
Para saber se o eco existe.

Calar, porque nem tudo o que nos convém escutar nos é dito ao ouvido, com a intimidade de uma confissão, com o volume de um grito, com o impacto das grandes revelações.

Calar, para compreender que o silêncio é a máscara
Dos mais belos sons...


“Lidar com o silêncio é mais difícil que lidar com a palavra. ” (Clemenceau)

Nenhum comentário:

Postar um comentário